O objetivo do projeto é a definição do Centro de Recepção de Visitantes dos depósitos paleontológicos de Atapuerca, assim como a reorganização do entorno através das áreas de serviço e de conexão com o Parque Arqueológico existente.
A proposta parte de uma dupla leitura do edifício a partir de sua presença na paisagem e seu funcionamento interno. Entre uma e outra se propõe uma relação de indefinição de limites: na faixa entre o espaço interior e a envolvente externa há um espaço que se dilata no acesso principal e que permite a expansão da cafeteria e un prolongamento da zona de exposições.
A imagem do edifício parte da referencia aos volumes presentes na paisagem do entorno que têm uma forte presença: elementos naturais ordenados pela intervenção humana, como as pilhas de palha e as massas arbóreas. Por detrás desta leitura da envolvente que filtra e qualifica tanto a percepção do edifício interior quanto a imagem do exterior vista de dentro dos ambientes, a insolação direta, o vento, aparece a escala e a lógica do funcionamento de um edifício de grande fluxo de visitantes e também voltado à cultura. As fachadas interiores se erguem como um volume recortado para permitir, em planta, dilatações no espaço intersticial, e em corte, para induzir a luz natural e expressar o funcionamento das partes no exterior.
O Centro busca, ainda, uma proximidade metafórica com o depósito, o que contribui de forma eficaz para a produção do novo organismo arquitetônico, mediante a criação de uma parte do edifício que pertence à terra (estereotômico) e outra que se desliga dela (tectônico), uma leve máscara de proteção que envolve todo o conjunto. Neste sentido, o edifício se projeta com essa grande caixa de concreto, de natureza rochosa, trespassada por grandes clarabóias e uma malha perfurada exterior que é a envolvente e a cobertura de luz que age como uma pele exterior. O concreto lembra o espaço de trabalho do depósito. Na entrada do edifício, este espaço é concebido com caráter estancial e na esquina oposta como uma área polivalente exterior.
O espaço expositivo interior opta por um percurso entre os planos de concreto estrutural que se soma às salas de aula didáticas. Reserva-se, na entrada, um espaço para informações e venda de publicações, uma cafeteria e os locais de administração e serviços.
As salas de aula são concebidas como elementos modulares com múltiplas possibilidades de uso e de conexão com a área polivalente e a área expositiva, desde uma sala pequena para cerca de 25 pessoas até um salão para 100 pessoas.
O invólucro exterior leve de caráter descontínuo é perfurado e chega a desaparecer em pontos singulares, como na praça de acesso e no mirante. Ele gera uma seção variável na zona de acesso, com relações muito fortes entre o espaço aberto da praça e o espaço do terraço-mirante, em contraposição com a austeridade da caixa exterior.
Para resolver o espaço de estacionamento de veículos, que tem, necessariamente, grandes dimensões, recria-se, novamente, a idéia de natureza mediante alguns elementos metálicos, novas metáforas arbóreas, sobre os quais crescerão, no futuro, vinhas que configurarão a camuflagem definitiva dos veículos estacionados.
Uma marquise transparente e uma retícula de árvores, intermediária entre aquela e o edifício, conformam uma praça exterior para atividades ao ar livre.
No exterior, um tanque de plantas macrofilas resolve o saneamento do Centro de Recepção de Visitantes e do Parque Arqueológico vizinho. O leito do tanque é um sistema biotecnológico que imita o processo de autodepuração que se produzem de forma instantânea nas zonas úmidas naturais (pântanos), baseado no emprego de plantas e outros organismos aquáticos inferiores. É um sistema que se encontra em prefeita sintonia com as novas políticas e necessidades de desenvolvimento sustentável, proporcionando elevados rendimentos de depuração com um custo de operação e manutenção muito baixo. A visita ao tanque forma a parte final do circuito didático do Centro de Visitantes.
- Orçamento: 3,500,000 €